Caso Clínico:
Reencontro com a família
Homem de 52 anos, separado, uma filha
Reencontro com a família
Homem de 52 anos, separado, uma filha
O paciente veio ao meu consultório se queixando de depressão, pois se sentia só, num vazio e tristeza profundos. Tinha muita dificuldade de expressar, de compartilhar seus verdadeiros sentimentos e não conseguia chorar. Sentia também uma dor muito aguda no peito, achando que tinha problemas cardíacos; no entanto, ao fazer todos os exames médicos, os resultados deram todos normais.
Na entrevista de avaliação, o paciente assim me relatou:
Na entrevista de avaliação, o paciente assim me relatou:
“Dr. Osvaldo, o motivo pelo qual estou procurando o senhor é o seguinte: vim de uma família muito pobre, meus pais eram da roça, trabalhávamos dia após dia, sem parar, não tínhamos descanso. Eu sou o mais velho de seis filhos. Quando a minha mãe teve o último filho, o médico disse que ela não podia mais ter filhos, pois se isso acontecesse poderia correr risco de vida por conta de sua saúde debilitada. O médico falou isso para o meu pai na minha frente. Um dia, vindo da escola, vi meu pai embriagado violentando minha mãe; recordo-me dos gritos dela pedindo para ele parar. Eu era pequeno, tinha uns oito anos quando isso aconteceu, não pude fazer nada para ajudar a minha mãe. Não demorou muito, a barriga da minha mãe começou a crescer. Fiquei apavorado, pois ela era tudo o que tínhamos de bom, minha mãezinha era uma pessoa dócil, muito boa, gentil, cantava para mim e para meus irmãos, nos dava carinho. Mas com essa gravidez, acredito que ela sabia que iria morrer. Meu pai era um covarde, um maníaco, um bêbado. Aqueles meses foram tão bons e ao mesmo tempo eu sofria tanto, pois pressentia que ia perder a minha mãe.
Ela falava assim para mim: “fiquem sempre juntos, nunca abandone seus irmãos, não se preocupe, vocês são meus anjinhos, sempre estarei por perto”.
Ainda escuto a voz dela “…
“ Chegou o dia do nascimento do bebê, ela estava muito fraca e como o médico havia dito, ela não aguentou. Lembro-me da última cena, antes dela morrer, dentro de uma carroça dando adeus para mim, eu correndo atrás e meus irmãos chorando. No dia seguinte, o desgraçado de meu pai chegou com o caixão e a minha mãe dentro. Ele dizia que eu tinha que ser homem, que não tinha que chorar. Que ódio, quem era ele para me dizer sobre atitudes de homem. Minha mãe tinha ido por causa dele e eu não tive coragem de enfrentá-lo.
Ela falava assim para mim: “fiquem sempre juntos, nunca abandone seus irmãos, não se preocupe, vocês são meus anjinhos, sempre estarei por perto”.
Ainda escuto a voz dela “…
“ Chegou o dia do nascimento do bebê, ela estava muito fraca e como o médico havia dito, ela não aguentou. Lembro-me da última cena, antes dela morrer, dentro de uma carroça dando adeus para mim, eu correndo atrás e meus irmãos chorando. No dia seguinte, o desgraçado de meu pai chegou com o caixão e a minha mãe dentro. Ele dizia que eu tinha que ser homem, que não tinha que chorar. Que ódio, quem era ele para me dizer sobre atitudes de homem. Minha mãe tinha ido por causa dele e eu não tive coragem de enfrentá-lo.
Seis meses depois, meu pai pediu para que arrumássemos as nossas coisas que íamos sair. Arrumei os meus irmãos e seguimos o meu pai por uma estrada de terra. Andamos por um bom tempo até chegarmos a uma construção com um muro bem alto. Veio uma freira e nos colocou para dentro, meu pai deu as costas e foi embora nos deixando lá.
Nunca mais vi aquele desgraçado. Vinha na minha mente o que a minha mãe me disse: “Nunca se separem!”. Era um orfanato. Tentava ao máximo deixar meus irmãos perto de mim, mas logo o bebezinho foi adotado. Daí os dois mais novos também foram, depois o outro, e outro; acabei ficando sozinho, pois ninguém queria adotar um menino com quase 10 anos. Fiquei no orfanato até os 18 anos, sempre muito triste e depressivo, não conseguia sentir alegria, sentia muita raiva, revolta de tudo, do que estava passando e, principalmente, por não ter conseguido ficar com meus irmãos, nem sabia onde eles estavam. Sentia um vazio, uma mágoa, mas, o pior de tudo, não conseguia e até hoje não consigo chorar. É por isso, doutor, que vim procurar o senhor, pois sou um homem triste, não consigo sorrir, demonstrar afeto. Vivo numa solidão que parece a imensidão do mar.
Entrei no mercado de trabalho, e só no trabalho não encontro problemas. Tive alguns relacionamentos e de um deles veio a minha filha, mas não consigo sentir nada por ela. Já me chamaram de frio, calculista, sem sentimento, não consigo chorar, não consigo me entregar em nenhum relacionamento. Não consigo sorrir, sentir alegria. Hoje “vivo só, tenho 52 anos”.
Ao passar pelas sessões de regressão, o paciente não via nem ouvia nada, foram três sessões sem resultado algum, nada. Foi frustrante para todos. Pedi então que fizéssemos uma nova tentativa na semana seguinte.
Para minha surpresa, quando comecei o relaxamento o paciente me interrompeu e relatou:
Entrei no mercado de trabalho, e só no trabalho não encontro problemas. Tive alguns relacionamentos e de um deles veio a minha filha, mas não consigo sentir nada por ela. Já me chamaram de frio, calculista, sem sentimento, não consigo chorar, não consigo me entregar em nenhum relacionamento. Não consigo sorrir, sentir alegria. Hoje “vivo só, tenho 52 anos”.
Ao passar pelas sessões de regressão, o paciente não via nem ouvia nada, foram três sessões sem resultado algum, nada. Foi frustrante para todos. Pedi então que fizéssemos uma nova tentativa na semana seguinte.
Para minha surpresa, quando comecei o relaxamento o paciente me interrompeu e relatou:
- “Doutor, estou vendo uma luz amarela e ela me diz algo”.
Perguntei o que ela dizia. Paciente me respondeu:
Perguntei o que ela dizia. Paciente me respondeu:
- “Não pode ser, deve ser uma fantasia, fruto de minha imaginação… essa voz está me falando dos meus irmãos e também de minha mãe”.
Falando o quê? – Perguntei.
Falando o quê? – Perguntei.
- “Falando onde meus irmãos estão, e que a minha mãe está encarnada. Diz que minha mãe nasceu novamente, reencarnou dois anos depois de sua morte, e que ela também sofre muito, vive uma grande busca, há um grande vazio nela. Ela veio novamente, casou, mas não teve filhos. Adotou várias crianças e está envolvida com trabalhos sociais, mas é também uma pessoa triste”. (pausa).
Prossiga – Pedi ao paciente.
Prossiga – Pedi ao paciente.
- “Essa luz está mostrando os meus irmãos… Vejo o Zezinho, a Catarina, Rosa, Venâncio e o Assis. Estão como eu, velhos. Vejo cada um em locais diferentes… Doutor Osvaldo, a luz revela onde meus irmãos estão, revela também que a minha mãe nos procura, só não sabe onde. Ela sempre sonha com as seis crianças perdidas; é por isso que ela adotou aquelas crianças. A luz diz que vamos nos encontrar em breve. Sinto agora que a luz toca meu peito”… (Paciente começa a chorar sem parar, copiosamente, um choro sentido, intenso, como estivesse se lavando com as próprias lágrimas).
Três meses após o término da terapia, recebo este e-mail:
“Para o Doutor Osvaldo e toda a sua equipe terrena e espiritual,
É com muita alegria e felicidade que mando este e-mail. Confesso que no dia em que saí do seu consultório estava atordoado, tinha conseguido o que queria, ou seja, chorar, sentir emoção, mas saí também muito ansioso. Com os nomes das cidades que a luz havia me revelado, tirei férias do trabalho e saí em busca de meus irmãos.
Três meses após o término da terapia, recebo este e-mail:
“Para o Doutor Osvaldo e toda a sua equipe terrena e espiritual,
É com muita alegria e felicidade que mando este e-mail. Confesso que no dia em que saí do seu consultório estava atordoado, tinha conseguido o que queria, ou seja, chorar, sentir emoção, mas saí também muito ansioso. Com os nomes das cidades que a luz havia me revelado, tirei férias do trabalho e saí em busca de meus irmãos.
Doutor Osvaldo, por incrível que pareça, encontrei todos os meus irmãos, todos! Confesso que não foi fácil encontrá-los, pois tinham mudado de nome, mas a luz havia me dito que eu iria reconhecer seus rostos. O nosso encontro foi muito emocionante, com muita alegria e felicidade. Fiquei sabendo que tenho sobrinhos, sou tio avô, uma família linda! Mas não é só isso, o senhor deve se recordar que na última sessão de regressão, a luz me mostrou uma mulher que tinha por volta de 40 e poucos anos. Uma mulher muito bonita e com os nossos traços; pois é, eu a encontrei, quer dizer ela me encontrou, pois resolvi fazer um trabalho voluntário com crianças carentes e logo ficamos amigos, houve uma grande amizade, parecia que já nos conhecíamos. Um dia quando ela me falou que sonhava sempre com seis crianças perdidas, meus olhos se encheram de lágrimas, ela não entendeu o motivo de eu estar chorando; então, contei toda a minha história, inclusive a minha ida ao seu consultório e como a luz me falou dos meus irmãos e de minha mãe, que agora estava encarnada nos procurando. Doutor, que emoção, de novo chorei feito uma criança, pedi perdão a essa mulher, a minha mãe, por não ter conseguido ficar com meus irmãos. Ela me abraçou do mesmo jeito que fazia quando eu era garoto. E disse: – te amo, meu filho! Ficamos um bom tempo em silêncio olhando um para o outro, emocionados, felizes. Ansiosa, chorando, ela me pediu para ver meus irmãos. O senhor pode imaginar a festa que houve com o reencontro de todos.
Dr. Osvaldo, quero agradecer do fundo de meu coração a Deus, a essa luz e ao senhor, através dessa terapia, por terem me propiciado essa bênção, que foi o reencontro que tive com a minha família. Sou profundamente grato por isso!”.
Nenhum comentário:
Postar um comentário